Novo modelo de atendimento reduz em 63% o tempo de espera para início do tratamento de câncer no DF

Com reorganização da rede, fila por procedimentos oncológicos caiu de 80 para 30 dias; GDF lança campanha de recadastramento para reduzir ausências em consultas, que chegam a 30%

Foto: Matheus Oliveira/Agência Saúde-DF

Desde julho, o Governo do Distrito Federal (GDF) tem adotado um novo modelo de atendimento aos pacientes oncológicos, que resultou em uma redução de 63% no tempo de espera para início do tratamento. Em paralelo a esse resultado, a Secretaria de Saúde (SES-DF) traça estratégias para diminuir o não comparecimento das pessoas diagnosticadas com câncer às consultas e tratamentos, que hoje é de 30%. Segundo a pasta, o absenteísmo ocorre principalmente devido à falta de atualização no cadastro do Sistema Único de Saúde (SUS).

De julho a setembro deste ano mais de 2.600 pacientes oncológicos foram atendidos, dos quais mais de 1.800 já iniciaram o tratamento.

O ponto central na redução da fila é o lançamento do Programa O Câncer Não Espera, o GDF Também Não. Ele reorganizou a jornada do paciente oncológico. Antes, a espera pela primeira consulta com especialista levava mais de 80 dias e, agora, são cerca de 30 dias. O novo modelo integra consultas, exames, cirurgias e terapias em uma linha contínua de cuidado, evitando interrupções e aumentando as chances de cura.

“Nosso intuito é oferecer quimioterapia, radioterapia e cirurgia em grande demanda para diminuir o tempo de espera”, Edna Marques, secretária-executiva de Assistência à Saúde

“Nosso intuito é oferecer quimioterapia, radioterapia e cirurgia em grande demanda para diminuir o tempo de espera. O foco não é apenas uma consulta, mas todo o processo de cuidado oncológico”, destacou a secretária-executiva de Assistência à Saúde, Edna Marques.

O mesmo foi defendido pela coordenadora da frente de oncologia do Comitê de Planejamento da Saúde, Paula Muraro, que reforça a importância dessa mudança no modelo. “Antes, o tratamento passava por muitas etapas e filas que podiam chegar a cinco meses de espera. Com o redesenho da jornada, reduzimos em mais de 63% o tempo para iniciar a quimioterapia. Esse tempo é crucial para a cura”, explicou.

Mesmo com os avanços na celeridade do atendimento à pessoa diagnosticada com câncer, o Governo do Distrito Federal trabalha contra o absenteísmo, tendo em vista que o diagnóstico e o tratamento precoce aumentam as chances de cura. De julho à primeira quinzena de agosto, 30% dos pacientes não compareceram às consultas ou exames agendados. A maior parte dos casos ocorre porque a Secretaria de Saúde não consegue localizá-los, já que os dados cadastrais estão desatualizados.

Fazer o recadastramento é crucial representa uma chance de cura maior para o paciente oncológico | Foto: Agência Saúde

“É crucial que o paciente mantenha o cadastro atualizado porque isso facilita o acesso dele a todo o serviço de saúde, não somente para o tratamento oncológico. Com relação ao câncer, fazer o recadastramento é ainda mais importante porque isso representa uma chance de cura, tendo em vista que, quanto mais rápido detectada a doença, maior a chance para combatê-la”, complementou Edna Marques.

Cadastro atualizado

A campanha de atualização cadastral, o RecadastraSUS-DF, é uma das primeiras medidas adotadas pelo GDF para garantir a redução na taxa de absenteísmo. Somente em 2024, foram atualizados mais de 1,7 milhão de cadastros no sistema da rede. “Estamos lançando esse movimento com informativos e cartilhas. É fundamental que os pacientes atualizem seus telefones e contatos, porque a qualquer momento a secretaria pode precisar falar com eles para confirmar consultas, exames e procedimentos”, afirmou Edna Marques.

“Sem cadastro atualizado, a vaga fica ociosa e o fluxo de tratamento é interrompido”, Paula Muraro, coordenadora da frente de oncologia do Comitê de Planejamento da Saúde

A atualização pode ser feita de forma simples: online, utilizando o login do Gov.br; pelo telefone 160, opção 5; ou presencialmente em qualquer unidade da rede pública de saúde. “O telefone é o único meio que temos para garantir contato direto com esse paciente. Sem cadastro atualizado, a vaga fica ociosa e o fluxo de tratamento é interrompido”, destacou Paula Muraro.

Atendimento na rede privada também é gratuito

Para dar agilidade ao atendimento de pacientes diagnosticados com câncer, o GDF lançou um edital de credenciamento para clínicas e hospitais especializados em oncologia. A iniciativa complementa o atendimento feito hoje pela rede pública do DF. O investimento de mais de R$ 14,57 milhões ampliou os serviços, permitindo que os pacientes diagnosticados que estão na fila de espera deem início, o quanto antes, ao tratamento.

O receio de alguns pacientes em relação à cobrança por consultas ou tratamentos nas clínicas particulares credenciadas pelo GDF também é outro motivo que justifica as ausências às consultas e procedimentos agendados. “Todos os atendimentos são 100% gratuitos, custeados pelo SUS. Muitas vezes, por falta de informação, as pessoas acham que terão de pagar e acabam não indo. Por isso, reforçamos a divulgação do programa”, explicou Paula.

Além do acompanhamento com equipe especializada na área da oncologia, o programa prevê apoio multiprofissional, com psicólogos, fonoaudiólogos e outros especialistas. Uma das novidades para este ano é o cartão de identificação do paciente que garante prioridade aos pacientes em tratamento de quimioterapia em pronto-socorros nas situações de emergência.

O Hospital Regional de Taguatinga (HRT) é um dos que oferecem tratamento contra o câncer de forma gratuita no DF | Foto: Paulo H. Carvalho/Agência Brasília

“Com esse cartão a pessoa tem, então, um acesso mais célere tendo em vista que é uma pessoa imunossuprimida. Essa é mais uma ação inédita do GDF, que facilita a identificação rápida do paciente oncológico em caso de intercorrência”, ressaltou Edna.

Hoje, os tratamentos contra o câncer são feitos em alguns hospitais públicos do DF — como os hospitais Universitário de Brasília, de Base, Regional de Taguatinga e da Criança — e complementados por clínicas e hospitais privados credenciados, o que aumenta a capacidade de resposta.

A porta de entrada desses pacientes é por meio das unidades básicas de saúde (UBSs), onde eles são atendidos por médicos da família. Uma vez identificada a possibilidade de doença oncológica, o paciente é encaminhado para um especialista, que vai direcionar para exames ou atendimento especializado na rede. Mesmo que o tratamento seja em uma das unidades particulares conveniadas, não há custos, sendo inteiramente financiado pelo Sistema Único de Saúde.Com média de 399 novos casos de câncer por mês no DF, é importante o diagnóstico precoce e o acompanhamento contínuo. “Quanto antes detectarmos a doença, maiores são as chances de cura. Nosso objetivo como equipe técnica é oferecer atendimento rápido e eficiente a essas pessoas”, concluiu Edna Marques.

Conexão Digital Brasília/Agência Brasília

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